O ex-piloto da Alaska Airlines, Joseph David Emerson, de 46 anos, declarou-se culpado a uma acusação federal de interferência com a tripulação de voo, após tentar desligar os motores de um Embraer E175 da Horizon Air durante o voo 2059, em 22 de outubro de 2023.
O incidente ocorreu enquanto a aeronave seguia de Everett (Washington) para São Francisco, obrigando um desvio de emergência para Portland (Oregon). Emerson, que viajava no assento extra do cockpit após concluir uma escala de trabalho, repentinamente tentou acionar as alavancas de corte de combustível e extinção de incêndio dos dois motores, o que teria resultado em sua completa falha.
O incidente a bordo
Segundo registros do tribunal, Emerson inicialmente conversava normalmente com os pilotos, mas seu comportamento mudou abruptamente. Ele retirou o fone de ouvido, disse: “Não estou bem” e tentou puxar as alavancas vermelhas de desligamento dos motores.
Um dos pilotos conseguiu segurar seus pulsos e, após uma breve luta, a tripulação o conteve. O piloto automático foi desativado e uma emergência declarada, com o desvio imediato para Portland.
Após ser removido do cockpit e algemado pelos comissários de bordo, Emerson chegou a tentar manipular uma saída de emergência durante a descida, mas foi contido novamente. Testemunhas afirmaram que ele disse: “Baguncei tudo” e “Tentei matar todo mundo”.
A aeronave pousou em segurança e Emerson foi preso pelas autoridades.
Motivos alegados
Em entrevistas posteriores, Emerson afirmou que não dormia havia mais de 40 horas e que passava por um colapso nervoso. Ele também revelou ter consumido cogumelos psicodélicos dois dias antes do voo, o que, segundo ele, o fez acreditar que estava preso em um sonho.
“Embora estivesse sentado no assento extra e interagindo com a tripulação, eu acreditava que estava sonhando e senti uma necessidade esmagadora de acordar. Em um esforço para despertar, puxei conscientemente as alavancas dos motores”, declarou.
O piloto havia relatado anteriormente lutas contra a depressão, agravadas pela morte de um amigo próximo, mas admitiu temer buscar ajuda por medo de perder seu certificado médico. O caso reacendeu o debate sobre saúde mental na aviação e os mecanismos de apoio oferecidos a pilotos.
Consequências legais
Inicialmente, Emerson enfrentou mais de 160 acusações estaduais, incluindo tentativa de homicídio de cada passageiro a bordo, além das acusações federais. Agora, como parte de um acordo judicial, declarou-se culpado da acusação federal e aceitou não contestar acusações estaduais de conduta imprudente.
O acordo prevê ainda:
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proibição vitalícia de atuar em voos;
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pagamento de restituição às vítimas;
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possibilidade de pena de até 20 anos de prisão, além de multa de US$ 250 mil e três anos de liberdade supervisionada.
A sentença está marcada para 17 de novembro de 2025.